sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Longas cartas pra ninguém III

Eu gosto de lugares abandonados. É que eu sou um lugar abandonado, né?
É o meu ponto de vista.

Quem te disse que eu não mereço uma pobre migalha de atenção? É você que não merece o afago, nem de Deus, nem do diabo! Agora as músicas tem sentido de novo, não é? Agora não precisa nem de psicanálise, nem nada; nem obrigado, nem de nada. Psi, psi, psiu, vai acontecer de novo. E você vai espetacularizar toda a tragédia. De novo. Conclusão: você; eu não. Hoje vai vingar a inspiração para tudo que você nem vê, aí pelo caminho com sorrisos brilhantes e preocupações despreocupadas. Tá, não é questão de eu ou você mais, e sim de sorte e azar nos disputando.
Perco o sono e choro, sempre quase desespero, mas não sei por quê. É tudo muito injusto, com essas cartas, dou plantão dos meus problemas que quero esquecer. A vida é sempre um risco, eu tenho medo do perigo. Eu ouço passos. Me percorrendo, formando imagens, de felicidade comprometida e alegria afetada. Eu estou um pouquinho aliviado com essas suas palavras.
Palavras. Eu contabilizei as palavras chaves dessas cartas: medo, alegria, tristeza, você.
Eu que precisava tanto de você, pra qualquer efeito, até mesmo pra poder te esquecer, sempre tive tão pouco. Você nunca me deu seu dinheiro, só me deu seus quadrinhos; eu nunca te dei meu travesseiro, só te mandei convitinhos. E no meio de negociações você cedeu! E no meio de comemorações eu desabei. Garoto, você é triste, não tem caminho pra casa. Não tem casa pra voltar pra casa. Nunca vai achar uma. Nem sequer um “durma querido e não chore”. AH, VOCÊ VAI CARREGAR ESSE PESO POR MUITO TEMPO! Vai dar tudo errado. Vai ficar tudo mal.
Não é meu desejo, é só uma constatação. Assim como que: quando você está mal, meus pensamentos saem de estação.

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Finais são bençãos ambivalentes.