segunda-feira, 18 de agosto de 2014
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Longas cartas pra ninguém IX
Meus olhos ardem, por favor alguém apague as luzes. Escrevo com os olhos em chama por que a poesia clama.
Eu não tenho paz. Não uso mais droga; meditação, autodestruição, Yoga. Nada disso me satisfaz.
Faço terapia, paro de fumar, paro de beber.
Vidinha besta.
Controlando o sal.
Vidinha furreca.
Me livrando do açúcar.
Vidinha chinfrim.
Uh!
Vidinha de merda.
O lance é o nocivo e necessário. Sou um aperto de mão de monóxido de carbono. Não sou uma vida tranquila dentro do aquário.
Vivo pelos cantos feito bicho, mas em uma bela casa, com belo jardim. Eu to um lixo. Eu to sim. Só a antropofagia nos une! Eu prefiro comer os pedaços do inimigo e me sentir um herói. Eu prefiro me matar a cada dia ativamente, do que esperar que a vida me mate passivamente.
E qual o preço da independência? Qual o preço da felicidade? Pois não seria viver sozinho? Se nascemos todos sós, e morremos todos sós.
Ontem sonhei que comprava Coca-Cola com um casco de Pepsi.
Ontem eu senti que sentirei sua falta. Eu não sinto inveja, ciúmes, eu não desejo que seja de outro jeito para você. Mas você era minha única companhia de ser como eu sou. Você, você nunca falava de amor. Achei que você era a única que nem eu. Aquele momento tão banal, que parece durar uma eternidade, é tão fácil de esquecer, que você já esqueceu. O momento em que se acredita que não nunca teremos outro tipo de amor. E de outras coisas eu queria ser como você. Te admiro. Te miro. E te erro.
Este momento que dura uma eternidade: querer viver de arte.
A gente não quer só comida, e comida com pouco sal, pra cuidar do coração. A gente quer comida e amor e diversão. A gente não quer só comida a gente quer saber, e quer estar em paz, e quer companhia, e quer viver bem e ser saudável, e ser estável, e quando a gente percebe que não pode ter de tudo, a gente quer saída para qualquer parte.
Eu ergo minhas mão para o céu por curiosidade.
Algumas coisas eu faço por dinheiro, outras pela liberdade.
Beijo da morte, beijo da vida, cada minuto é um instante de partida.
Mas agora eu preciso de escuro, alguém por favor corta essa luz.
Eu não tenho paz. Não uso mais droga; meditação, autodestruição, Yoga. Nada disso me satisfaz.
Faço terapia, paro de fumar, paro de beber.
Vidinha besta.
Controlando o sal.
Vidinha furreca.
Me livrando do açúcar.
Vidinha chinfrim.
Uh!
Vidinha de merda.
O lance é o nocivo e necessário. Sou um aperto de mão de monóxido de carbono. Não sou uma vida tranquila dentro do aquário.
Vivo pelos cantos feito bicho, mas em uma bela casa, com belo jardim. Eu to um lixo. Eu to sim. Só a antropofagia nos une! Eu prefiro comer os pedaços do inimigo e me sentir um herói. Eu prefiro me matar a cada dia ativamente, do que esperar que a vida me mate passivamente.
E qual o preço da independência? Qual o preço da felicidade? Pois não seria viver sozinho? Se nascemos todos sós, e morremos todos sós.
Ontem sonhei que comprava Coca-Cola com um casco de Pepsi.
Ontem eu senti que sentirei sua falta. Eu não sinto inveja, ciúmes, eu não desejo que seja de outro jeito para você. Mas você era minha única companhia de ser como eu sou. Você, você nunca falava de amor. Achei que você era a única que nem eu. Aquele momento tão banal, que parece durar uma eternidade, é tão fácil de esquecer, que você já esqueceu. O momento em que se acredita que não nunca teremos outro tipo de amor. E de outras coisas eu queria ser como você. Te admiro. Te miro. E te erro.
Este momento que dura uma eternidade: querer viver de arte.
A gente não quer só comida, e comida com pouco sal, pra cuidar do coração. A gente quer comida e amor e diversão. A gente não quer só comida a gente quer saber, e quer estar em paz, e quer companhia, e quer viver bem e ser saudável, e ser estável, e quando a gente percebe que não pode ter de tudo, a gente quer saída para qualquer parte.
Eu ergo minhas mão para o céu por curiosidade.
Algumas coisas eu faço por dinheiro, outras pela liberdade.
Beijo da morte, beijo da vida, cada minuto é um instante de partida.
Mas agora eu preciso de escuro, alguém por favor corta essa luz.
Longas cartas pra ninguém VIII
A vida tem braços longos, espero que eles me segurem.
Era Janeiro de 1963, quando Johnny, apareceu e queixou de
tudo, de que eu nunca lhe respondia, de que entregava sua vida a mim, e eu nem
dizia palavra. E quando ele pensava ser a ele, eu dizia que nunca eram, tampouco
pra qualquer um. Seu último presente foi me apontar uma arma. “Johnny, não aponta essa coisa pra mim!”. Mas
ele engatilhou e atirou. E quando vi, estava morto bem ali no meu quarto. É que
não era eu. Era eu pra ele. Ele diz que ainda há pingos de sangue na arma e
sente o cheiro de chumbos nas mãos, mas está livre. É, é assim mesmo que
agimos.
Vejam, anos mais tarde, era Inverno e eu não tinha ninguém
para devolver as coisas que eu escrevia.
Eu permanecia a espreita no topo da torre de vigília, com ela, claro,
seu nome é Adriana; sem a simulação de afundar sono, nem dormir deveras, eu
espera as palavras aparecerem, caçando-as como borboletas. Essas cartas são
mosaicos de imagens mil, geralmente são músicas. Não é tão fácil quanto vocês
pensam. Eu uso a minha própria cola. Nem todas são boas, algumas só fazem as
frases grudar nos dedos e nunca ir pro papel. Outras fazem as coisas irem pro
papel da forma que você não quer, e ficam ali te olhando daquela forma
esdrúxula. É, tem gente que faz isso de qualquer forma, e colocam as coisas
esdrúxulas deles para olharem para as pessoas. Tem poesias e desenhos que eu
gostaria que tirassem os olhos de mim.
Tem vezes que eu gostaria que tirassem essa vida de mim.
E tem vezes que gostaria apenas de mudar minha vida a
qualquer preço, quantas pessoas ainda me apontarão armas na cara?
Será que Johnny sente saudades de mim? Um dia sentirei falta
dele.
E haverá tão somente a treva entre as estrelas.
Longas cartas pra ninguém VII
Sinto que estou sendo
imbecil. Imbecil e mais nada. E tão sem mais, eu não sinto alegria, mas pelo
contrário, me comprazo da minha própria desgraça, voltando finalmente a sentir,
como a muito não sentia, olhos a marejar em tristeza; maresia de tristeza:
tristezia.
E que tão sumariamente
me sinto já errado em retroceder um passo, nauseado pela minha condição, e por
fim com a existência de todos os outros. O que é verdade: como um deprimido, eu
não tenho apetite. Para o
jantar, as educadas, que são leves, e quase não indesejadas.
Mas isso não me dá acesso a me fazer
de ruim, e tentar me convencer que não mereço viver.
Quando se quer um tempo, só um mínimo
tempinho, da sua cabeça, é que ela fala mais. Pare de me tratar assim
consciência! Eu ponho minha alma no que eu faço! Tudo que eu me proponho a
fazer eu faço bem. Não te dá direito, por um mero deslize, me tratar desse
jeito.
Mas morrer não. Eu não tenho vontade
de morrer mais. A vida tem braços muito longos, e eu espero que eles me
segurem. Não por muito, muito tempo. Eu sou muito bom com planos. Então,
somente até eu crescer e ter alguém não só pra lavar roupas e fazer o que
comer; e comer. Mas dançar e sonhar sobre o paraíso. Só até eu morar num
cantinho sossegado, não perto do mar, nem no campo, sou bem urbano, não muito
litorâneo, mas como casinhas bonitinhas, lugares um pouco altos e silêncio. Com
carros passando longe, pra saber que há civilização formigante, não nem tão perto,
nem tão distante. Árvores, mas não tocar terra, não pisar areia, mas sentir ar,
esperando a temperatura me abraçar. Sem garras de caranguejo ou musgo, mas
vento fresco e garrafas de álcool docinho, sorriso e carinho. A vida tem braços
longos, espero que eles me segurem. Que, muito além da burocracia casuística da
mesa de jantar, me façam pular no ar.
E como todo mundo, me dê acesso a olhar
fixamente, toda manhã, seu mais belo desalinho.
A
vida tem braços longos, espero que eles nos segurem.
Eu
sei disso, acho que conheço isso de um hino.
Longas cartas pra ninguém VI
Elas voltaram! o/
Voltaram por que são boas, por que as amo, já você... não quero nem ouvir falar de ti, eu quero ensurdecer. Um jogo de aceitação das reações naturais, às vezes ceder a reforços, às vezes torcer o nariz de nojo. Às vezes, sim, sua figura me revira o estômago. É esse meu amor pelas misérias, me leva, me trouxe e fez de mim alguém que eu sou hoje.
Eu nunca mais vou sonhar. Por que eu nunca mais vou dormir. Eu vou me resguardar a te esquecer de manhã em manhã, tomando guaraná e ouvindo Elis. Eu nunca mais vou respirar. E eu posso até morrer de fome. E viver bem em um tronco que apenas tivesse vista para as estrelas. O meu amor pelas misérias, me leva me trouxe, roça o que interessa.
Sol que veste o dia, seca meu corpo, meus sonhos, minha sede na indolência.
Tenho um espirito que já não é meu. Não busca rosas pros cabelos, não dança mais contigo, não abraça, não admira mais nada, só sente frio. Meu futuro é um breu.
A vida não é filme, você não entendeu.
Longas cartas pra ninguém V
Pósfacio: encerrada a história agora eu tenho que ficar
quietinho. Dá vergonha você ler isso e me dizer, parece que eu falei tudo de
desnecessário, como sempre, e disfarcei a toa todo tempo que... pare de ler
isso! Pare de ler com a cabeça cheia de certeza... que serve pra você. Não,
mocinho. É pra você.
Falta de vontade de parar. E lembrar que a última série tivera
quatro postagens. Eu quis que longas cartas tivessem cinco, achei um número
bonito. Achei um enunciado bonito “as cinco longas cartas pra ninguém”! E se
você acha que elas são curtas, vocês não sabem o que eu passei pra escrevê-las.
O que eu ouvi pra escrevê-las. O que eu vivi, pra que cada dia, um pedacinho de
música fizesse tanto sentido que eu quisesse usá-lo. E colar esses pedacinhos
com a minha própria cola, minha própria poesia. No começo eu queria que tivesse
quanto menos palavras minhas possível, e por fim fui usando cada vez menos
músicas.
É melhor ser amado ou admirado? O que eu faço com a sua
admiração. Você que leu as cartas, você ninguém, que me vem com dizeres tão
positivos, a elogiar minha inteligência e minha sensibilidade, você, ninguém...
você me inveja? Você sabe que eu sou tudo que você tentar ser e ainda tão
melhor? E que... no fim nós dois só queremos estar sentados na varanda, comprovando
que ninguém vence... depois que a gente envelhecer ninguém precisa mais dizer
como é estranho ser humanos nessas horas.
É o fim da picada
Depois da estrada começa uma grande avenida.
Qual é a moral?
Eu não tinha nada pra dizer, por isso disse. Essas foram nossas
horas, essas foram as nossas
vidas. Amours impossibles, défaites, ironies, tudo que tem ser dito, c'est dit.
Je
a dit que jê t'aime.
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Finais são bençãos ambivalentes.